sábado, 19 de janeiro de 2013

O tempo


Talvez eu ainda esteja,
Recolhendo aqueles cacos, desatando os nós.
Respirando fundo, despindo-me das velhas mágoas.
Aprendendo a ouvir meu silêncio
Deixando o sorriso ir se abrindo tímido, no canto da boca.
Talvez eu esteja
Enfrentando melhor meus fantasmas
E enxergando de forma mais clara
A minha incrível capacidade de me refazer, depois da dor.
Depois de todos esses anos
Quantas tentativas frustradas, e quantos recomeços.
E quantas vezes levantei  e enxerguei no espelho
Os olhos cansados de mais uma luta vencida
O que é que nos limita afinal?
Solidão, saudade, medo da rejeição?
Do que eu tive que me desprender senão de mim mesmo?
Depois de todos esses anos
Onde estão os velhos amores, os amigos distantes
Aquele abraço que sinto falta.
E todos os planos que eu imaginei que dariam certo?
Talvez eu ainda esteja
Tentando achar respostas que já tenho
E prolongando coisas que na verdade, são efêmeras.
No fim tudo se ajeita,  e o drama se torna riso, eu sei.
E sempre encontramos um abrigo
Mesmo quando a tempestade parece tão cruel...
Depois de todos esses anos
Deus continua me mostrando
Que soldados não vencem a guerra sem luta
Sem dor , ou lágrimas nos olhos.
E ouvindo uma velha canção
Aqui em meio aos meus velhos livros
Surge um sorriso enfim...
Por saber que
Todas essas cicatrizes...
São provas de que ainda ...estou de pé...





sábado, 1 de outubro de 2011

Talvez numa próxima vez

O trem já vai partir...os ponteiros do relógio já não me causam pressa. Fim de noite. Mal acomodado no banco do trem, olho pela janela e vejo ao longe, faróis. Me distraio com as luzes que passam rápido, e arrisco fechar os olhos pra desenhar qualquer coisa em minha mente. Lembro dos meus projetos, rabisco meus sonhos por alguns segundos, e lamento em silêncio meus medos, frustrações.
O maquinista anuncia a próxima estação, enquanto rostos confusos adentram o vagão, até então vazio. Ao redor, alguns homens discutem a última partida de seus times do coração, e gargalhadas femininas podem se ouvir ao longe.
Penso em ti. E na última vez que te procurei, aflito com meus problemas. E depois te abandonei, assim que tive meu problema resolvido. Penso no seu olhar de Pai, me esperando pra conversar, ou nem que seja pra dividir esse meu silêncio. E me vejo virando as costas, carregando meu egoísmo, disfarçando uma possível satisfação.
Carregando meu orgulho como um troféu barato, esquecendo das tuas promessas, prestes a tropeçar mais uma vez e lhe implorar socorro.
As estações se passam rápido até demais.
Lá fora, começa a chover. A água escorre pelo vidro, e penso, logo estarei em casa. Penso em quem me espera, minha família. Gostaria também que o Senhor os guardasse, imagino. Penso em todas as pessoas que são realmente importantes pra mim. Sinto um súbito conforto.
Encostado à porta, um senhor de olhos castanhos e cabelos brancos, se preparava pra descer na próxima estação. Usava um casaco de veludo marrom, tinha as mãos pequenas e enrugadas, e um sorriso quase que escondido, querendo surgir no rosto. Carregava uma bíblia nas mãos.
Aquele homem me fez lembrar de muitos anos atrás Pai. Quando eu, ainda muito garoto, adentrei sua casa, e conheci Seu nome. Quando eu, estendi as mãos aos céus e te declarei Senhor da minha vida.
Descobri que todas as minhas decisões, por mais sóbrias que sejam, não são nada sem teu olhar, sem tua voz. Descobri que meus dias mais difíceis podem ser aliviados pelo teu abraço, Jesus.
De nada valem as supostas medalhas, eu sei.
Mas me sinto melhor quando penso, que por mais que me persigam, e tentem me rotular. Por mais que julguem, antes mesmo de me amar, por mais que me esqueçam, e até tentem me ver sofrer...eu tenho sempre um refúgio onde eu posso descansar.
O trem chega ao seu destino, acho que tenho que ir.
A chuva parece querer cessar, a noite insinua um silêncio improvável.
Pessoas apressadas por todos os lados, se esbarram, se encontram, se despedem.
Parado no meio da estação, estático, observo tudo ao redor.
Uma vontade de te pedir perdão explode por dentro.
Uma lágrima escapa, mas eu a ignoro.
Desço as escadas, rumo ao meu suposto lar.
Talvez numa próxima vez eu consiga...
O trem já vai partir.




quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Sister

Eu sei recriar meus absurdos, meus argumentos infundados, meus erros mortais e perdoáveis. Eu sei inocentar a mim mesmo , e achar abrigo em minhas velhas teorias, mas não sei quando é seu tempo, ou onde posso te encontrar, porque nem mesmo te conheço...
Eu sei criar aplausos e sorrisos pra amenizar estragos, pra conter meu ego bobo, meus segredos, meu acaso, mas ainda me falta voce...e eu nem sei onde te encontrar...
Eles procuram por você, e eu vejo tudo exposto, suas fugas, suas recusas, seu sorriso numa foto. Talvez essa não seja a hora, quem cria regras para o tempo?
Eu observo, e meu silêncio é tão sedento quanto o grito alheio , que te busca mesmo quando sabe que você não quer ser achada.
É um desejo tão humano que é até compreensível, não me condene por querer encontrar algo de mim em você, perder tempo é tentar ficar achando heróis e traidores, quando na verdade tudo já se passou...tudo já se foi...
E agora eu ouço uma velha canção e parece que sinto saudade de quem não conheci, algo parecido assim, com uma estrela que dorme lá em cima...linda, mas nunca a pude tocar...
E o timbre da sua voz? O som da risada, a forma como diz as coisas...como seria você? Seus olhos , seu cheiro, sua caligrafia...
A orquestra está desafinada, não sejamos ásperos, quem rege o erro e o perdão? Tentando encontrar respostas, me esqueço e então prefiro ficar aqui. Observando de forma limitada, histórias que nem conhecia. Parece um filme de Chaplin, uma frase de Nietzsche, girando sobre a minha cabeça...e atraindo para mim, sentimentos antes nunca experimentados...
Me ignore, me estranhe, mas não deixe de saber que eu a espero. Com um pulsar ansioso e até descontrolado, com emoções silenciosas que carrego no olhar...há marcas da vida em nós, nisso posso acreditar.
Espero ...com flores numa manhã de dezembro, e um cello tocando baixinho como numa trilha de cinema...espero ...com mil sonhos nas mãos, como num quadro surreal....
Eu a espero ...com tanta coisa pra dizer...e tanto pra saber...
Com vontade de rir a noite inteira, te mostrar a última canção que fiz...com vontade de sentar na calçada, ver a lua e baixinho dizer no teu ouvido..."minha irmã"...






Dedicado à Suellen Ferraz...

sexta-feira, 6 de março de 2009

Aprendendo...


Ontem eu estava um pouco pensativo, um pouco distante talvez, mas sentindo um gosto amargo de realidade em mim...Ontem estive pensando em como tem sido difícil aprender com esse deserto todo que eu mesmo criei...as vezes somos frágeis demais, para suportar nossos próprios vícios....vícios da alma...Eu estava fazendo planos para o fim de semana, fazendo planos para os próximos meses, mas não pude sequer fazer um plano para tentar voltar aos princípios que eu acredito sem cessar, ainda estão em mim...Talvez eu precise de planos para curar meu coração...preciso de uma possível estratégia....algo assim...aí quem sabe eu consiga quebrar o orgulho que me prende...e eu enfím permita, que Deus realize os Seus planos em mim...E sei que só assim, voltarei a sorrir ...em tardes vazias como essa...

A maior das minhas inspirações...



As maiores lições na vida são estranhas...pois elas nos fazem tocar na ferida que constantemente costumamos esconder...quando os segredos se revelam, quando o enigma lhe é claro, você sabe exatamente que dor precisou vencer...O homem no espelho é uma farsa, é um charlatão, um fingidor mentindo amarguras presas na alma...e a vida será sempre o palco ideal pra nossas confusas estratégias, vez em quando lindas harmonias, ou as vezes notas desafinadas...E o tempo sempre me ensinou que é sábio, mesmo quando reclamei como uma criança mimada, alguma coisa que eu julguei ser injusta...E tenho percebido o quanto somos frágeis...e sei que não vale a pena tanta ostentação...pois tudo se vai, com o tempo...Aprendi a não ter vergonha de amar...ainda que tudo conspire pra que isso soe antiquado...quantas vezes perguntamos se deveríamos ou não ter feito? se deveríamos ter arriscado? quantas fugas de si mesmo? Por razões tão pequenas deixamos de ter a coragem que possivelmente mudaria nossas vidas para sempre...mas a vida...rsrsrs...a vida é um constante aprender,...cheio de quedas, corações partidos, descobertas, e uma incrível vontade de ser melhor...Nunca precisei desse orgulho descartável, nem dessas mágoas presas na garganta...tudo é consequência...tudo pode ser consertado (ou quase tudo...)E quando me sinto sozinho, sem mãos estendidas ou palavras pra confortar, entendo o amor daquele que jamais me abandonou...aquele que entende minhas falhas, suporta minhas imperfeições...e me torna um homem que acredita que há bençãos em meio à tempestades...Errante é verdade...mas sem jamais dar indícios de que vai desistir...não me curvando à dor mesmo quando tudo ao redor fica cinza e vazio...Aquele que jamais me abandonou se chama JESUS CRISTO...Ele me ensinou que por mais que as vezes os dias pareçam desleais...existe um caminho a ser trilhado...e ninguem o fará por nós...Jesus...vc é a força que me sustenta...e a maior das minhas inspirações...